Você considera-se um especialista ou um generalista na sua área de atuação? Se a sua resposta for a segunda opção, ou seja, se você se considera um generalista, tenho excelentes notícias: sua carreira e produtividade podem dar um verdadeiro salto com o uso da inteligência artificial.
Um profissional generalista de marketing é aquele que não possui uma especialidade restrita em determinada ferramenta do marketing. No entanto, ele compreende o panorama geral, conhece e sabe como utilizar as melhores ferramentas. O generalista pode não dominar completamente todas as ferramentas, mas ele sabe quais estão disponíveis, compreende quando deve utilizar cada uma delas e como elas se encaixam em um plano de marketing. Ele sabe quando combinar várias ferramentas e como conectá-las para alcançar os objetivos de marketing definidos pela empresa em que atua.
Portanto, os generalistas usam os especialistas – sejam humanos ou ferramentas de inteligência artificial. E é aí que as estas ferramentas caem como uma luva para os generalistas em marketing, pois as ferramentas que estão ganhando destaque recentemente são especialistas nas mais diversas áreas. O ChatGPT, por exemplo, é especialista na produção de textos e pode criar sobre uma ampla variedade de temas e assuntos. E, na esteira dele, existem tantas outras ferramentas especialistas que podem criar imagens, obras de arte, músicas, vídeos e até mesmo rostos de pessoas que não existem na vida real. Assim, as ferramentas de inteligência artificial são especialistas que os generalistas podem utilizar. É como se tivéssemos assistentes particulares à nossa disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana, por meio das ferramentas de inteligência artificial, que podem colocar em prática as diferentes ideias que temos.
Em um painel no SXSW deste ano, John Maeda, vice-presidente de design da Microsoft, abordou esse tema usando a “analogia do cookie”. Ele projetou a imagem de um biscoito grande e de um biscoito pequeno, perguntando à plateia qual deles uma criança escolheria. A resposta óbvia foi o biscoito grande, pois, como seres humanos, temos o instinto de buscar prazer e, naturalmente, desejamos algo que nos prometa mais satisfação. Em seguida, John projetou a imagem de uma pilha pequena de roupas ao lado de uma pilha grande, perguntando qual delas escolheríamos para lavar ou passar. Nesse caso, a audiência escolheu a pilha menor, porque, além de buscar prazer, também buscamos, por instinto, aquilo que exigirá menos esforço.
O fato é que nós, seres humanos, buscamos o prazer e atividades agradáveis de se realizar, mesmo que seja apenas bater papo ou conversar enquanto tomamos um café durante o expediente. Por esse motivo, é natural que as ferramentas que nos permitam deixar o trabalho chato para os robôs sejam bem-sucedidas. Nesse contexto, os profissionais generalistas se destacam. Por quê? Em primeiro lugar, porque um generalista não perderá seu emprego para uma ferramenta artificial, pois, até o momento, não existe um robô que entenda de tudo, que conceitue e que crie conexões entre as ações. Em segundo lugar, porque os generalistas aumentam sua produtividade ao usar o melhor de cada ferramenta para colocar em prática suas ideias e planos. É como se o generalista fosse alguém que tem a ideia de criar uma história e já sabe como serão os personagens, o enredo, a animação, a trilha sonora, e então utiliza diferentes ferramentas de inteligência artificial para escrever o roteiro, desenhar os personagens, criar a animação e a música de fundo, entre outras atividades necessárias para chegar ao produto final.
É importante observar que as inteligências artificiais são abastecidas com informações e dados de obras já existentes no mundo. Elas usam essas referências para criar, o que difere da criatividade humana. Kevin Kelly, editor da Wired Magazine, chamou isso de “criatividade com C minúsculo” durante seu painel no SXSW. A verdadeira Criatividade com C maiúsculo é exclusiva dos seres humanos, pois temos a capacidade de criar coisas totalmente novas do zero.
Também devemos estar atentos às particularidades de cada ferramenta e à forma correta de utilizá-las para obter os resultados desejados. Walter Longo, um profissional que admiro, comenta em sua palestra sobre Inteligência Artificial o quanto a linguagem e o repertório são importantes para utilizar o máximo das ferramentas pois, quando mal brifadas, podem trazer resultados muito aquém da sua real capacidade.
Apesar de existirem questionamentos e medo de perder empregos, assim como pessoas lutando contra as inteligências artificiais, para os profissionais generalistas, elas são uma verdadeira ajuda para aumentar a produtividade e se destacar cada vez mais no planejamento e execução de ações de marketing.
P.S. Escrevi este texto e submeti a revisão a meu amigo ChatGPT que fez um bom trabalho ????
Gislayne Muraro, Junho de 2023
Publicitária com especializações em planejamento e gestão de negócios, desenvolvimento gerencial e branding, atuou ao longo de 20 anos como executiva de marketing nos setores de serviços, mídia e comunicação, tendo dirigido as áreas de marketing e planejamento dos maiores conglomerados de Comunicação do Paraná. Hoje, à frente do seu escritório de soluções em marketing, GMKTi Soluções, desenvolve projetos de inteligência de mercado e consultoria nas áreas de Marketing Estratégico, Comunicação, e projetos especiais de conteúdo. Também é palestrante, colunista de marketing da rádio 98 FM Curitiba e Vice-Presidente da ADVB Paraná.