Será uma catástrofe ou oportunidade de transformação?
No primeiro texto que postei sobre o SXSW encerrei dizendo: “SXSW 2021, me surpreenda positivamente”, numa referência aos painéis que não pus na agenda mas que poderiam surgir como supresas maravilhosas.
Pois bem, passados apenas 2 dias já produzi 115 slides de conteúdo (alunos e clientes, me aguardem, que conteúdo não faltará) e o Festival já me surpreendeu. Os painéis que assisti hoje, sobre tendências, futuro do entretenimento e acessibilidade nas realidades virtuais, me trouxeram um pouco da tecnologia que mudará ainda mais a nossa vida, e também reforçou a importância do Ser Humano, no sentido de implementar estas tecnologias de forma positiva, para que seja bom para todas as pessoas.
IOT que nada. A onda agora será o YOT
IOT (Internet Of Things) é como nos referimos às tecnologias que permitem a qualquer coisa estar na internet e estar interligado “com outra coisa”. Exemplificando de forma simples (até porque aqui é o Marketing Facilitado), num futuro bem próximo sua geladeira estará conectada à internet e irá sinalizar quando acabar um produto, de forma que você possa ser avisado para comprar ou, ainda, comprar de forma automática.
Já estamos acostumados com isso, até porque algumas das funcionalidades já existem no nosso dia a dia. Mas, num futuro bem próximo não serão as coisas que terão internet o tempo todo, será você (You).
Na palestra da Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, pudemos ver uma série de equipamentos que, associados ao nosso corpo, poderão, entre outras coisas: regular a temperatura do quarto enquanto dormimos, para dormirmos melhor; mensurar da nossa saúde para enviar para quem quer que seja, regular aquilo que vemos, por meio de óculos que vestiremos e que poderão apagar da cena objetos e pessoas indesejáveis e por aí vai.
Amy vai além, falando de coisas menos divertidas e um pouco assustadoras, como a Extensão Digital de nós mesmos que poderá ser criada (isso mesmo, reproduções de nossa cara, voz, imagem, que fala coisas que costumamos falar, com uma inteligência artificial que aprende a opinar de acordo com nossas opiniões), ou ainda como a biologia sintética, que permite criar organismos e reproduzir genomas (já existem impressoras que copiam DNAs e reimprimem. Imagina uma impressora desta em Marte recriando animais, alimentos ou, até mesmo, cópias de nós mesmos?
METAVERSOS
E quando falamos sobre as inovações e tendências que citei acima, os metaversos parecem “café com leite”, pois aparentam ser algo bem menos assustador, visto que já estão no nosso dia a dia. Metaversos são os “universos paralelos”, os “mundos virtuais”, onde podemos entrar (com um óculos de XR a experiência imersiva é ainda maior) para sermos quem quisermos, interagirmos com quem quisermos, assistirmos a shows, participarmos de reuniões ou, simplesmente jogar.
E se isso soa estranho para você, pergunte se também é estranho para qualquer um que tem filhos com 5 ou 6 anos… afinal, hoje em dia quase toda criança já não entra, de forma cotidiana, no tal do Minecraft, plataforma, cujos nativos digitais já utilizam com naturalidade para brincar, construir seu próprio mundo e interagir com outras pessoas. Se antigamente as crianças iam para o playground após a aula, agora, nas aulas remotas, podem combinar de se encontrarem para brincar no Minecraft.
E estas possibilidades, usadas hoje em dia apenas para lazer, serão utilizadas corriqueiramente em reuniões, por exemplo. Imagina você poder entrar em outro mundo para se reunir com colegas de trabalho em Los Angeles e, logo em seguida, mudar o mundo e fazer outra reunião em Londrina? Isso está cada vez mais perto do que pensamos.
E esta, aliás, será uma solução para eventos artísticos e esportivos enquanto não pudermos voltar a nos reunirmos com grandes multidões (se é que um dia voltaremos). Logicamente, não será tão simples quanto parece, visto que depende de uma cadeia enorme de fatores (hardware, óculos, aplicações, 5G) mas os especialistas são unânimes em dizer que esta é uma tendência e que devemos começar. Marcas precisam demarcar seus territórios nestes ambientes de Metaverso, nem que seja apenas para entrar, e depois evoluir, à medida em que a tecnologia fica mais acessível a todos.
E, falando em acessibilidade, fiquei feliz em ver como as comunidades tem se envolvido e estão sendo envolvidas para que todos sejam incluídos nestas novas possibilidades. O painel que vi sobre “Acessibility in XR”, do qual participou Christopher Patnoe, Head de acessibilidade do Google, por exemplo, apresentou iniciativas que mostram como plataformas vem sendo desenvolvidas pensando em pessoas que não ouvem (com legendas num formato mais acessível e menos cansativo), para pessoas que precisam utilizar XR sentadas (como cadeirantes, por exemplo) ou, ainda, que não podem jogar os games com as duas mãos.
Pensaram inclusive em gente como eu, do alto do meu 1,50m, com soluções de VR para que pessoas de diferentes alturas tenham experiências positivas, de forma igualitária.
Brincadeiras à parte, os painéis nos mostraram que a tecnologia pode ser assustadora, e justamente por isso, nós, humanos, somos cada vez mais essenciais para regular esta coisa toda. E falando em “assustador”, Yuval Harari, um dos maiores historiadores da atualidade, participou de um painel justamente sobre isso, falando sobre “por que temos tanto medo das inovações”. Não consegui assistir hoje, mas amanhã falarei deste tema também.