Meu primeiro dia do SXSW

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Fim do primeiro dia de SXSW. Consegui me dedicar a assistir 8 paineis (5 deles incríveis, 2 mais ou menos e 1 dispensável). E, assim como aconteceu quando assisti ao Festival em 2019, mais uma vez pude perceber o quanto a inovação e as tendências tem muito mais a ver com o aspecto humano do que com a tecnologia.

Vou limitar-me a falar sobre 3 dos painéis que mais gostei, justamente porque foram debates que falaram muito sobre a humanidade para criar valor. Importante citar como a definição de valor também mudou definitivamente, não referindo-se ao valor monetário apenas, mas à responsabilidade social e como o produto está servindo às pessoas e qual as implicâncias e consequências para toda a sociedade.

INOVAÇÃO COM RESPONSABILIDADE

Inovar com responsabilidade foi tema amplamente debatido no primeiro painel que assisti, que contou com grandes figuras Ed Soran, Diretor Senior da Microsoft, Wally Brill, do Google, Karing Giefer e Designer Leader da Amazon. E todos eles foram enfáticos na importância de as empresas trazerem o consumidor para a mesa, ouvir, entender suas necessidades e implicações, para todos os stakeholders, daquilo que desenvolverem. Vivemos um momento, com a cura e a vacina sendo perseguidas por cientistas do mundo todo, que nos prova que a participação e a contribuição de todos é o que nos manterá vivos. Portanto, inovar num caminho rápido é importante, mas de forma responsável é mais, por isso é preciso considerar a sustentabilidade, a privacidade, a transparência e a inclusão para gerar valor.

E para incorporar mais pessoas à mesa para participarem das discussões e desenvolvimento dos produtos é preciso ser honesto e estar disposto a ouvir sobre o que não é sustentável, o que não está bom, o que não funciona e humilde para buscar e encontrar os mecanismos para crescer tentando trazer valor para a comunidade desafios e tentar trazer valor para a comunidade buscando entender as implicações sociais, tecnológicas, econômicas e para o meio ambiente de cada inovação.

DIVERSIDADE E AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

O segundo painel que quero destacar aqui foi referente à uma pesquisa, realizada pelo 6o ano seguido pela consultoria Mc’Kinsey que constatou que 1 em cada 4 mulheres está considerando mudar de carreira ou sair totalmente. Vínhamos de um período de crescimento da participação feminina na alta gestão das empresas mas, com a pandemia, isso decresceu. Entre as causas, a sobrecarga das mulheres em função da pandemia. Afinal, mesmo com a participação masculina crescente, acaba sobrando mais para Elas a função de acompanhar o home schooling das crianças, atender os filhos em casa enquanto atua em home office, atender aos seus pais, muitas vezes idosos, em compras e outras providências e por aí vai.

As companhias podem tornar esta corrida entre homens e mulheres mais justa e colaborar para que exista uma equidade maior. E o interessante do painel foram as sugestões de pequenas atitudes diárias que as empresas e os homens podem realizar e que farão a diferença neste sentido. No caso das empresas, um programa de “sponsorship” onde um colega responsabiliza-se por ajudar uma colega, orientando, mentorando e ajudando-a a ter voz, a ter seu potencial reconhecido e suas ideias ouvidas, pode trazer grandes resultados. E, em relação aos homens, o simples fato de colocar-se no lugar de uma mulher, muitas vezes sozinha entre homens em uma reunião, devolver-lhe a palavra quando ela for interrompida, entender que ela pode estar sobrecarregada e oferecer-se para ajudar, podem ajudar a mudar esta realidade.

É TEMPO DE REPENSAR A LIDERANÇA

E para finalizar, quero contar sobre a participação maravilhosa do professor de Harvard e e Ex CEO da Best Buy, Hubert Joly. Em um painel que discutiria, de acordo com a chamada, a refundação do Capitalismo, Joly repetiu por diversas vezes que as companhias são organizações humanas, feitas por indivíduos trabalhando juntos com um objetivo comum. Portanto, o primeiro ponto para qualquer organização é ter um propósito nobre e certificar-se de que ele esteja alinhado ao objetivos das pessoas que, por mais que se diga o contrário, nunca é só ganhar dinheiro. É preciso ouvir os liderados. Ouvir, notar e contribuir para o desenvolvimento de um colaborador gera o senso de pertencimento (lembra-se do “Penso, logo existo”? pois agora é “Sou visto, logo existo”. Ou seja, veja, note, perceba o seu colaborador para que ele se sinta parte da empresa. E o lucro? Bem, se você tem pessoas energizadas e engajadas, que tomam conta dos seus clientes, levam grandes serviços e produtos aos clientes, o resultado financeiro virá.

Joly lançou durante o evento seu mais novo livro, “Heart of business” e eu não vejo a hora em que ele chegue ao Brasil para ler.

É tempo de repensar a liderança.

Hubert Joly falou com propriedade que ser líder não é um super herói, não é ser a pessoa mais esperta da sala, não é ser aquele que salva o dia. Embora a gente veja tanta gente vaidosa por aí, que se esquece disso e seduz-se pelo poder e bajulação que às vezes o papel de líder proporciona, o líder mesmo deve ser alguém que está aberto, que sabe que não sabe, que é vulnerável e está na corporação para servir e, principalmente, aquele que cria um ambiente onde os outros podem ter sucesso, restaurando a confiança do time e desencadeando um movimento em que cada um possa ser a melhor versão de si, oferecendo o melhor para os colegas e os clientes.

Amanhã vamos falar sobre Realidadade Virtual, Metaverso e, é claro, sobre o painel mais esperado do dia, com o Yuval Harari, um dos historiadores mais importantes da nossa era.

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